TV por assinatura:Perda de clientes leva operadoras a mudar estratégia


A perda contínua de clientes de TV por assinatura no Brasil -- quase 1,3 milhão desde 2015 -- levou o mercado a um ponto de inflexão. Algumas das principais operadoras do setor decidiram rever sua estratégia para conter a sangria de receita e melhorar a rentabilidade. Os movimentos das empresas incluem opções de planos mais atrativos aos consumidores e conexão de banda larga associada a conteúdo de vídeo para quem não gosta de TV paga tradicional ou considera o custo elevado. 

O cenário atual mostra um duelo improvável entre a Telefônica, dona da marca Vivo, com receita líquida total, em 2017, de R$ 44,27 bilhões, e a Oi, com R$ 23,79 bilhões. Em TV paga, as duas companhias estão muito próximas em participação de mercado, com 8,9% (Vivo) e 8,6% (Oi) de um total de 17,8 milhões de acessos. 

Apesar de estar em recuperação judicial, a Oi tem adicionado clientes de TV continuamente em sua carteira, enquanto a Vivo, como a maior parte dos concorrentes, tem perdido quase todo mês. Se for mantido esse ritmo, em breve a Oi ultrapassará sua rival e ocupará o 3º lugar no ranking do setor. 

"Não me preocupa uma empresa ter mais clientes que a outra. O crescimento por satélite é mais imediato, é fácil de instalar [os equipamentos]. Mas o crescimento com IPTV [internet] demora mais porque tem que instalar a fibra, mas depois será mais acelerado e rentável", disse Eduardo Navarro, presidente da Telefônica Brasil. 

A Telefônica desacelerou o serviço de TV via satélite (DTH, na sigla em inglês) e agora faz a expansão majoritariamente por fibra óptica até a casa do cliente (FTTH), por onde trafega a IPTV. 

O sinal de satélite não requer infraestrutura terrestre. Então, na transição entre as duas tecnologias há um período de desaceleração das vendas, disse Navarro. Segundo ele, a fibra vai ser estendida em todo o país. 

"Faltam poucos trimestres para o crescimento superar o decréscimo dos negócios legados, inclusive de voz", disse o executivo, referindo-se às redes de cobre e híbridas (ADSL). Pelos seus cálculos, no fim do ano, a curva de avanço de IPTV deve superar a de decréscimo em satélite e ADSL.

 A Oi adotou uma estratégia de dupla tecnologia. Hoje, 99% do serviço de TV é via satélite, mas a diretoria decidiu ampliar os investimentos em FTTH. "Para nós, são tecnologias complementares", disse Bernardo Winik, diretor comercial da Oi. A companhia está expandindo a rede de fibra para ampliar a oferta de banda larga. Os mercados que demandam mais velocidade que a rede de cobre consegue alcançar terão a infraestrutura substituída por fibra, e a TV seguirá junto. 

Embora tenha um backbone (rede de transmissão) de fibra óptica em todo o país interligando também as torres de serviços móveis, a Oi não fez o adensamento dos pontos principais para os municípios. Dessa forma, a FTTH da tele está restrita às cidades do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte (MG). 

A rede de cobre abrange 45 milhões de residências ("homes passed"). "É a maior do Brasil e com capilaridade", disse Winik. "Vamos expandir a fibra sobre a rede de cobre." O plano é fazer a troca nas principais cidades do Brasil em dez anos, de acordo com o plano de recuperação judicial.

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