Dubladores de "Chaves" que disseram não ao SBT voltam à série no Multishow



A estreia de "Chaves" e "Chapolin" ao Multishow, nesta segunda-feira (21), marcará o retorno de dois dubladores clássicos ao elenco das séries mexicanas. Carlos Seidl (Seu Madruga) e Nelson Machado (Quico) aceitaram dublar os mais de 150 episódios inéditos para o canal pago, após dez anos longe dos humorísticos (os últimos trabalhos deles em "Chaves" foram DVDs lançados entre 2005 e 2008).

No período, o SBT lançou novas temporadas do desenho animado de "Chaves" e 14 episódios inéditos da série dos anos 70. Porém, Seidl e Machado se recusaram a participar da dublagem por discordâncias contratuais. Uma cláusula, por exemplo, trocava os direitos conexos por exibição por um cachê "simbólico". Após a negociação frustrada, eles disseram não à emissora de Silvio Santos, que substituiu as vozes e recebeu críticas dos fãs.

"Eles não quiseram contato nenhum comigo", revela Machado, que elogia a rapidez das negociações para dublar os novos episódios: "O estúdio ligou para mim, falou que tinha o projeto, uns episódios para fazer. Combinamos tudo, fizemos um contrato. Foi rápido, fácil, sem problemas".

"Entrei na Justiça para reivindicar os direitos de exibição, os direitos conexos. Queriam mascarar pagando um cachê fixo. Na hora que [o SBT] perguntou se eu faria os novos episódios, falou que no contrato eu abriria mão dos direitos conexos. Como abrir mão se eu entrei na Justiça justamente por isso? Eles compram o trabalho, mas não o talento. Vamos ver como vai ficar no Multishow", conta Seidl.

"Chaves" e "Chapolin" estão sendo dublados no estúdio Som de Vera Cruz, no Rio de Janeiro, com direção de Peterson Adriano. A empresa alugou estúdios da Unidub (Universidade de Dublagem) para as vozes paulistas. Nestes mais de 100 episódios, alguns são inéditos e outros nem tanto, porque são roteiros de histórias exibidas pelo SBT e reaproveitadas por Roberto Gómez Bolaños, criador das séries.

O Multishow fez questão de chamar todos os dubladores vivos do elenco original. Quico é o único personagem fixo que Nelson Machado dubla atualmente. Já Carlos Seidl chegou a perder outros trabalhos para se dedicar completamente a Seu Madruga.

"Estou mais dirigindo do que dublando. Tenho dublado muito pouco porque não dá tempo. Neste momento, estou dublando só 'Chaves'", afirma Machado. "Cheguei a ficar cinco horas falando e com uma certa tensão, porque o Seu Madruga sempre fala um tom acima de um diálogo normal", diz Seidl.


"Padrão Maga"

Nelson Machado, de 64 anos, e Carlos Seidl, de 70, integraram o elenco da primeira dublagem de "Chaves", feita pelo estúdio Maga dentro do SBT no início da década de 1980. Eles foram escolhidos por Marcelo Gastaldi, diretor da empresa e voz de Chaves. Para os dubladores de Quico e Seu Madruga, voltar a interpretar seus papéis mais famosos trouxe gratas surpresas.

"Falar 'cale-se, cale-se' ou 'gentalha, gentalha' em uma festa é uma coisa, dublar episódios inteiros fazendo o Quico, 35 anos depois, é cansativo. É um esforço. Eu me surpreendi me divertindo. Eu continuo achando divertido, continua sendo engraçado fazer", elogia Machado.

"A voz agora está gasta, rachada, cheia de pigarros, mas procuro fazer de acordo com o que tinha feito. É cansativo. Quando fizemos o piloto [na década de 1980], o Marcelo [Gastaldi] pediu para a gente ser o mais verdadeiro possível. Esse é o diferencial da série, porque cada um, sem fugir do que está feito, faz com a sua verdade", analisa Seidl.

O "padrão Maga" tão pedido pelos fãs de "Chaves" foi seguido à risca na dublagem dos novos episódios, principalmente na trilha sonora (as músicas de fundo foram compradas pelo Multishow) e entre as novas vozes, como Mauro Ramos (substituto de Osmiro Campos como Professor Girafales) e Isaura Gomes (substituta de Helena Samara como Bruxa do 71).

"Eu dirigi o teste da Isaura, e ela se recusava a fazer o que eu pedia: 'Ela não está exagerando isso, é mais suave'. Eu dizia: 'Mas pode exagerar, porque é assim que eles querem!'. É o tom que a Helena Samara criou em cima e que o público está acostumado a assistir", diz Seidl.

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