Globo vê cenário ainda incerto para 2020



Os resultados do Grupo Globo divulgados na semana passada registraram uma queda de receitas da ordem de 4%. Apesar da retração, foi um desempenho surpreendente, considerando a queda dos mercados nos dois principais produtos do grupo: a venda de publicidade, cuja retração é estimada em cerca de 8% em 2019, e o mercado de TV paga, que perdeu 10% da base de assinantes.
Segundo Manuel Belmar, CFO do Grupo Globo, o que assegurou ao grupo um desempenho percentualmente melhor foi algum reflexo do desenvolvimento da plataforma Globoplay, que começa a trazer receitas mais significativas, e a manutenção das receitas em TV paga por conta dos reajustes de inflação, mesmo com a queda de base. Mas em 2020, diz Belmar, o quadro ainda é bastante incerto. "A gente vinha trabalhando com uma expectativa de retomada da economia e crescimento, mas com a crise do Coronavírus obviamente vamos ter que reavaliar todo o cenário", diz o CFO. Há dois elementos que terão impacto para o grupo: a retração econômica, que impacta receitas de publicidade, e o cancelamento dos Jogos Olímpicos, evento que tem grande peso para as receitas publicitárias.
Sobre a perda de receitas de publicidade estatal durante o governo Bolsonaro, que reduziu as verbas destinadas a veículos considerados pelo presidente contrários ao seu governo, o CFO do grupo diz que o peso dessas receitas não é significativo a ponto de afetar os resultados. "Sabemos o valor dos nossos veículos para a comunicação das mensagens estatais e quando a opção do governo for esta, terá os resultados esperados".
Plano mantido, margens pressionadas
Para 2020, os investimentos devem ser mantidos, assim como todo o plano estratégico do grupo de apostar nas plataformas digitais, mas ainda será feita uma avaliação dos efeitos da crise para entender se haverá ou não necessidade de escalonar os investimentos, que se concentram em plataforma tecnológica e conteúdos, sobretudo para o Globoplay.
Por conta destes investimentos e dos custos gerais de produção, o resultado operacional líquido da controladora (que agrega TV Globo e Globoplay) foi negativa em R$ 572 milhões em 2019, uma piora de cerca de R$ 40 milhões em relação ao resultado operacional de 2018. Mas chamou mais a atenção a piora nos resultados financeiros consolidados, que incluem os canais pagos, que ficaram em R$ 573 milhões (positivos), contra R$ 1 bilhão no ano anterior. "Existe todo um quadro de queda de receitas, necessidade de investimentos e custos de conteúdos em dólar que obviamente estão afetando as margens. Mas temos fôlego para passar por esse período de transição", diz Belmar. O fôlego vem do caixa de R$ 2,7 bilhões e investimentos de R$ 7,6 bilhões, que garantem à Globo um importante resultado financeiro (quase R$ 800 milhões em 2019).
Os investimentos feitos pelo grupo em empresas como Órama, Stone e outras, e a venda do Zap para a OLX por R$ 2,9 bilhões, não entram no balanço da GCP por serem investimentos dos acionistas, via Globo Ventures.
Contratos de TV paga
A partir deste ano, a Globo deve passar por processos de renovações de contratos importantes na TV paga, de onde vem parte significativa das receitas do grupo, e isso acontece em um momento em que o mercado de TV paga está em queda e o próprio grupo Globo passa por uma transição de modelo, com a tendência de ampliar a oferta de conteúdos diretamente ao consumidor. "As negociações e programação sempre são muito duras, mas estamos confiantes de que o valor de nossos canais seguirá sendo reconhecido, sempre dentro do espírito de parceria que sempre tivemos com as operadoras", diz Belmar.
Apesar do quadro de incertezas, Belmar acredita que a crise do Coronavírus será superada e que os efeitos serão de curto e médio prazo. "Temos uma situação financeira sólida para atravessar esse movimento e mantermos nosso plano estratégico".
Com informações,TELA VIVA

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